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Brasil 2025: A HISTÓRIA TENTA SE REPETIR, MAS JÁ NÃO RIMA.

  • Foto do escritor: Ana Maria G
    Ana Maria G
  • 26 de jul.
  • 3 min de leitura

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O Medo, a Pressão e os Golpes: A Consolidação da Potência dos Estados Unidos na América Latina e o Desafio de 2025

Ao longo do século XX e início do século XXI, os Estados Unidos construíram sua posição como potência global não apenas por sua força econômica e militar, mas por sua habilidade em moldar o cenário político da América Latina e da América Central. Por meio de pressão direta, criação de climas de insegurança e apoio a intervenções políticas, os EUA asseguraram governos alinhados aos seus interesses, especialmente para garantir a extração das riquezas naturais da região.


A Construção do Medo e da Instabilidade

A estratégia estadunidense baseou-se na manipulação de medos e divisões internas, apresentando governos ou movimentos populares como ameaças existenciais sob a forma de “radicalismos”, “movimentos revolucionários” ou “populismos autoritários”. Essa narrativa, amplamente discutida por autores como Noam Chomsky, serve para justificar intervenções e enfraquecer a coesão social.

Chomsky (1997), em Manufacturing Consent, mostra como os EUA usam propaganda para manter seu domínio. Eduardo Galeano, em As Veias Abertas da América Latina (1971), denunciou o papel do imperialismo na exploração e fragmentação da região, destacando a longa história de intervenção estrangeira.


Golpes e Apoio a Regimes Simpatizantes

Ao longo do século XX, os EUA apoiaram direta ou indiretamente golpes contra governos que promoviam mudanças estruturais. Casos emblemáticos incluem o golpe contra Jacobo Árbenz na Guatemala (1954), motivado pela reforma agrária; a derrubada de Salvador Allende no Chile (1973); e o financiamento dos Contras na Nicarágua durante a década de 1980.

Além disso, os EUA apoiaram ditaduras militares em países como Brasil, Argentina e El Salvador, que reprimiram movimentos sociais e garantiram a perpetuação da exploração econômica.

Extração Econômica e Dominação Geopolítica

Autores como Walter Rodney e Immanuel Wallerstein discutiram como potências centrais perpetuam o subdesenvolvimento periférico por meio da extração de riquezas e dominação política. Na América Latina, essa dinâmica se traduziu na exportação contínua de matérias-primas com pouco valor agregado, enquanto corporações multinacionais se beneficiavam, frequentemente com a conivência de governos locais.

A Criação de Narrativas para Dividir e Enfraquecer

A polarização política, muitas vezes apresentada como um embate entre “progressistas” e “conservadores” ou “populistas” e “moderados”, é um mecanismo usado para fragmentar a sociedade. Essa divisão impede a formação de uma mobilização social ampla e enfraquece instituições democráticas.

Segundo Chomsky e Herman (1988), em Manufacturing Consent, os meios de comunicação atuam para construir consensos que favorecem os interesses das elites, manipulando percepções e criando falsos inimigos.

O Contexto Atual: Tarifação no Brasil e Resistência Global em 2025

No momento atual, o Brasil enfrenta tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos que chegam a 50% sobre diversos produtos, uma medida que tensiona uma relação que historicamente sempre foi pautada por boas trocas econômicas e diplomáticas entre os dois países.

Apesar desse histórico de cooperação, a imposição dessas tarifas e as tentativas de repetição do modus operandi tradicional dos EUA, baseado em pressão econômica, criação de narrativas de medo e divisão social, encontram hoje maior resistência. O Brasil, junto a outros países da América Latina, busca maior autonomia e formas de resistir a essas pressões externas.

A história da hegemonia estadunidense na América Latina é marcada pela repetida aplicação de estratégias que combinam pressão política, econômica e militar, apoiadas na manipulação do medo e da divisão social. No entanto, em 2025, fica claro que esse modelo tradicional já não é tão eficaz. O continente e o mundo começam a despertar para a necessidade de autonomia e de superação das influências externas que historicamente limitaram seu desenvolvimento.

Somente com a superação das divisões internas e o fortalecimento das instituições será possível romper o ciclo histórico de dependência e exploração.


Referências

  • CHOMSKY, Noam; HERMAN, Edward. Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media. Pantheon Books, 1988.

  • CHOMSKY, Noam. Necessary Illusions: Thought Control in Democratic Societies. South End Press, 1997.

  • GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. Editora Siglo XXI, 1971.

  • RODNEY, Walter. How Europe Underdeveloped Africa. Bogle-L'Ouverture Publications, 1972.

  • WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System. Academic Press, 1974.

Artigo escrito por: Ana Maria Galbier, cientista política e fundadora do site GlobalOlhar.

 
 
 

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