O que é comércio em moeda local e como ele pode fortalecer a economia brasileira.
- Ana Maria G
- 19 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jul.

Negociar em moeda local significa que dois países fazem transações comerciais utilizando as suas próprias moedas nacionais , como o real, o yuan ou o rublo mas
sem a necessidade de converter tudo primeiro para dólares. Por exemplo, quando o Brasil exporta soja para a China e recebe diretamente em reais ou yuan, sem intermediar pelo dólar, isso é uma operação em moeda local.
Essa prática tem ganhado força entre países do Sul Global, especialmente dentro do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que defende um sistema financeiro internacional mais equilibrado e menos dependente do dólar americano. Negociar em moeda local ajuda a reduzir custos, evita perdas cambiais e aumenta a autonomia financeira das nações envolvidas.
Não se trata de ameaçar o dólar
É importante destacar: negociar em moeda local não é uma afronta ao dólar, tampouco uma tentativa de substituí-lo como moeda dominante global. O dólar continua sendo a principal moeda de reserva do mundo, utilizado em grande parte das transações internacionais, especialmente no comércio de commodities e nos mercados financeiros globais.
O que o Brasil e outros países estão propondo é uma ALTERNATIVA estratégica e legítima, voltada à diversificação econômica e ao fortalecimento de suas próprias moedas. Em vez de depender exclusivamente de uma única moeda estrangeira, ampliar o uso das moedas nacionais pode ser benéfico para todos.
A proposta do BRICS: uma alternativa que já passou da hora
O grupo BRICS vem defendendo de forma cada vez mais clara o uso de moedas locais entre seus membros, e até mesmo discutindo a criação de uma moeda comum de referência para comércio internacional. Esse movimento visa diminuir vulnerabilidades externas, evitar sanções financeiras unilaterais e estimular a cooperação multilateral.
Para o Brasil, é uma oportunidade que já passou da hora de ser adotada com mais força. Usar o real em acordos com grandes parceiros comerciais como China, Argentina, África do Sul ou Índia significa mais autonomia e menos exposição a oscilações do dólar ou decisões de política monetária dos Estados Unidos.
Por que isso não ameaça o dólar?
Escala limitada: Apesar do avanço dessas iniciativas, a maior parte do comércio mundial ainda é feita em dólar.
Uso complementar: A moeda local não vem para substituir o dólar, mas para complementar as opções financeiras disponíveis.
Estabilidade global: O dólar seguirá forte enquanto os EUA mantiverem estabilidade econômica e confiança dos mercados.
Ganhos mútuos: Diversificar moedas pode trazer equilíbrio para a economia mundial, sem prejudicar países desenvolvidos.
O Brasil tem muito a ganhar ao negociar em moeda local, reduzindo custos, aumentando sua autonomia e fortalecendo relações comerciais com países que compartilham dos mesmos objetivos. Essa escolha não é um desafio ao dólar, mas sim um sinal de maturidade econômica e visão de futuro.
É hora de entender que um mundo multipolar também deve ter um sistema financeiro mais plural. E isso começa por aceitar que o real tem valor , e que podemos sim usá-lo como instrumento legítimo de comércio internacional.
Por Ana Maria Galbier.
Cientista Política | Fundadora do Global Olhar
Para contato : contato@globalolhar.com







Comentários