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EUA em Shutdown: A Superpotência que Vive do Salto Alto

  • Foto do escritor: Ana Maria G
    Ana Maria G
  • 3 de out.
  • 2 min de leitura
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Enquanto o mundo observa, os Estados Unidos entram em mais um shutdown histórico, com quase 800 mil funcionários federais parados, serviços essenciais funcionando no limite e bilhões de dólares evaporando da economia semanalmente. Mas, como sempre, a narrativa oficial tenta suavizar: “um impasse orçamentário temporário”. Traduzindo: o país não consegue nem aprovar seu próprio orçamento, mas ainda é tratado como exemplo de estabilidade política e econômica.

E por que ninguém questiona isso de forma mais dura? Porque os EUA podem imprimir dólares quando quiserem. Literalmente. Essa é a mágica que transforma todo erro político em inconveniência passageira: enquanto funcionários ficam sem salário e pesquisas científicas paralisam, o mundo continua comprando títulos americanos e sustentando a máquina quebrada do superpoder.

O privilégio exorbitante do dólar

O dólar não é apenas uma moeda. É um escudo, uma almofada econômica e um cartão de crédito sem limite. O Tesouro americano pode financiar déficits gigantescos, expandir a base monetária e atravessar crises internas com um simples clique do Federal Reserve. Enquanto isso, países como o Brasil não têm esse luxo: imprimir moeda demais e a inflação dispara; depender de capital externo demais e qualquer movimento do Fed provoca desespero cambial.

Ou seja: o shutdown é um desastre interno, mas para os EUA é um simples desconforto político. O caos existe, mas a hegemonia se mantém. E ninguém ousa dizer que os americanos estão vulneráveis , afinal, o mundo inteiro precisa de dólares para sobreviver.

A narrativa midiática: pano de fundo de ouro

Se fosse no Brasil, a manchete seria “Caos e desgoverno ameaçam a democracia”. Nos EUA, o mesmo evento vira “impasse legislativo”. A mídia global, especialmente anglófona, suaviza, minimiza e protege a imagem de uma superpotência que vive de privilégios que nenhum outro país possui.

Enquanto isso, o resto do mundo assiste impotente. O shutdown afeta o PIB global, desregula mercados e adia decisões financeiras críticas, mas os Estados Unidos continuam a ditar regras do jogo.

A hora de descer do salto

O momento é claro: o mundo precisa pensar em formas de reduzir essa dependência histórica do dólar. Comércios bilaterais em moedas locais, reservas diversificadas, blocos econômicos emergentes mais fortes e instituições financeiras próprias são passos possíveis , mas não é simples nem rápido. Até lá, o show de um governo que não consegue se financiar sozinho continua, protegido por décadas de hegemonia econômica e militar. E o mundo, como sempre, paga a conta , literal e figurativamente.


Escrito por Ana Maria Galbier, cientista política, fundadora desse site.

 
 
 

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